Militar, historiador e escritor, natural de Tijucas/SC. Deputado Constituinte de 1891, no Congresso Representativo de Santa Catarina, final do século XIX. Almirante e autor do projeto de criação das Armas e da Bandeira do Estado de Santa Catarina.
Nome completo Henrique Adolfo Boiteux |
Filiação Henrique Carlos Boiteux e Maria Carolina Jacques Boiteux |
Nascimento 17/09/1862 |
Local de nascimento Tijucas/SC |
Falecimento 29/04/1945 |
Local de falecimento Rio de Janeiro/RJ |
Formação Militar |
Profissão Militar, historiador e escritor |
Partido Partido Republicano Catarinense (PRC) |
Nasceu em 17 de setembro de 1862, na freguesia de São Sebastião da Foz do Tijucas Grande (atual município de Tijucas/SC). Filho de Henrique Carlos Boiteux e de Maria Carolina Jacques Boiteux. Irmão de Adelaide Josefina, Alfredo Rafael, Maria Luísa, Etelvina Ambrosina, Eulália Isolina, Lucas Alexandre, Hipólito Boiteux e de José Boiteux. Hipólito e José também foram Deputados na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
Seu avô paterno, Lucas Boiteux, era suíço-francês, chegou no Brasil em 1825 e exerceu atividades comerciais no Rio de Janeiro/RJ, tendo depois se mudado para a Província catarinense. Casou com Marie Magdaleine Anastasie, filha dos franceses Antoine Justin Bouquet e Marie Adelaide Charlotte Badeuil, com quem teve: Eugênio e Henrique Carlos Boiteux, Maria Luísa e Maria Adelaide. Seus avós maternos eram Alexandre Martins Jacques e Luísa Maria de Sousa Lobo.
Henrique realizou os estudos iniciais com o professor particular Felix Vaes, belga, em Tijucas, e, mais tarde, prosseguiu-os no Ateneu Provincial, em Desterro/SC (atual Florianópolis). Frequentou aulas gratuitas dos professores: Comandante Antônio Ximenes de Araújo Pitada, que lecionava matemática, e do pintor Manoel Francisco das Oliveiras, ministrava desenho. Os estudos preparatórios fez em 1877 e 1878.
Matriculou-se na Escola Naval e concluiu curso em 1883, sendo nomeado Guarda-Marinha. Prosseguiu e fez carreira na Marinha de Guerra do Brasil, exercendo comandos, chefias e comissões.
Após a Proclamação da República (15 de novembro de 1889), recebeu a promoção de Capitão-Tenente, pelos serviços prestados.
Foi um dos oficiais escolhidos para as duas viagens que o cruzador Almirante Barroso faria ao redor do mundo. A primeira viagem de circunavegação realizou nos anos 1888-1890 e, a segunda, em 1892-1893, interrompida por naufrágio que Henrique descreveu em livro.
Pelo Partido Republicano Catarinense (PRC), foi eleito Deputado Constituinte de 1891 ao Congresso Representativo de Santa Catarina (Assembleia Legislativa), com 7.591 votos, para a 1a Legislatura (1891), e foi 2º Secretário da Constituinte.
Na época do mandato, era 2º Tenente da Marinha e no parlamento teve a iniciativa de criar as Armas e a Bandeira de Santa Catarina, por meio de projeto de lei, que depois foi sancionado pelo governador Hercílio Luz, transformando-se na Lei n° 126, de 15 de agosto de 1895, que estabeleceu sobre o assunto.
Durante a Revolta Armada1 esteve ao lado de Floriano Peixoto, combateu na Baía Norte da Ilha de Santa Catarina, em 16 de abril de 1894, e comandou a torpedeira (embarcação de guerra) Sabino Vieira.
Em 1899, casou com Josefina Vincent Boiteux.
No Rio de Janeiro, foi: Diretor da Biblioteca, Museu e Arquivo da Marinha (1905-1906, 1910, 1912 e 1914-1915), tendo sido um dos seus diretores mais eficientes; Diretor da Escola Naval e Subchefe do Estado Maior da Armada; e Organizador do Catálogo Geral da Biblioteca da Marinha.
Como não tinham filhos, ele e a esposa firmaram um compromisso que, por morte de um deles, o outro venderia a mansão que possuíam no Rio de Janeiro e faria duas doações, uma para o Hospital de Caridade do Senhor Bom Jesus dos Passos, de Florianópolis, e a outra, para construção de uma escola mista em Tijucas. Josefina, a esposa, adoeceu gravemente e faleceu aos 46 anos, no dia 14 de janeiro de 1927, no Estado em que residiam. Henrique cumpriu o trato: doou uma alta quantia em dinheiro para o Hospital construir um pavilhão para atender e tratar os tuberculosos, bem como para aquisição de rouparia para os leitos, e outra generosa quantia para as obras da escola escolhida antes. Por seu gesto, o pavilhão foi denominado Pavilhão Josefina Vincent Boiteux.
No ano de 1921, reformou-se no posto de Almirante, com mais de 43 anos de serviço. Depois de aposentado, continuou a estudar, a viajar, a escrever sobre história e a elaborar biografias, entre elas, a de Anita (Anita Garibaldi - a Heroína Brasileira, de 1898), em que comprovou ser esposa legítima de Giuseppe Garibaldi, juntando o termo de casamento realizado em Montevidéu.
Traduziu o Código Internacional de Sinais e publicou em jornais e revistas da época. Colaborou nos jornais: O País, Gazeta de Notícias, Jornal do Comércio, outros do Rio de Janeiro (Caixeiro, Gazeta do Sul, Progresso, O Estado, O Albor, Republica), e de Santa Catarina também.
Foi um dos sócios do Centro Catharinense, no Rio de Janeiro, fundado em novembro de 1885, “espécie de ‘embaixada’ catarinense, o Centro servia de auxílio aos barrigas-verdes residentes ou em trânsito pela Capital federal, organizava e difundia uma série de informações sobre o Estado, tinha biblioteca e revista própria (fundada em 1929, pelo então presidente Henrique Boiteux), seus sócios promoviam festividade e conferências”. (MATOS, 2014, p. 111).
Sócio correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos dos Estados: Ceará, Pernambuco, Sergipe, Bahia, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (tornou-se membro deste no ano de 1944, por sua relevante produção).
Sócio-fundador da Academia Catarinense de Letras na Cadeira número 31.
Faleceu em 29 de abril de 1945, no Rio de Janeiro/RJ.
Rua Henrique Boiteux, Estreito, Florianópolis/SC.
Sobre a Marinha de Guerra:
Sobre história:
1 “Revolta Armada foi um conflito armado transcorrido em duas fases, fomentado pela Marinha brasileira em represália, inicialmente, ao governo do Marechal Deodoro da Fonseca e à atuação de seu vice, Marechal Floriano Peixoto. Ocorreu em duas fases. Na Segunda Revolta Armada teve início com uma agitação encabeçada por alguns generais, que enviaram uma carta ao presidente Floriano Peixoto ordenando-lhe que convocasse imediatamente novas eleições, em obediência à Constituição. O presidente coibiu severamente a insubordinação, ordenando a prisão dos condutores do levante. O golpe era comandado pelos oficiais superiores da armada Saldanha da Gama e Custódio de Melo, que ambicionava substituir Floriano Peixoto. O movimento retratava a insatisfação da Marinha, que se sentia politicamente inferior ao Exército. O levante não encontra apoio necessário no Rio de Janeiro, migrando então para o Sul. Algumas tropas se aquartelaram na cidade de Desterro - atual Florianópolis - e tentaram um acordo com os gaúchos partidários do federalismo, porém sem êxito. Em março de 1894 o Presidente da República, amparado pelas forças do Exército brasileiro, pelo Partido Republicano Paulista e contando com uma nova frota de navios obtida com urgência no exterior, abafou o movimento”. (SANTANA)
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Memória Política de Santa Catarina (2022)
(MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA, 2022)