Advogado, jornalista e construtor civil, natural do Rio de Janeiro/RJ. Vice-Governador de Santa Catarina e Deputado Federal por Santa Catarina e pelo Rio de Janeiro, no século XX. Primeiro eleito do Partido Trabalhista Brasileiro catarinense à Câmara dos Deputados. Teve mandato cassado no período da ditadura militar.
Nome completo Armindo Marcílio Doutel de Andrade |
Filiação Armindo Augusto Doutel de Andrade e Cândida Margarida Doutel de Andrade |
Nascimento 17/11/1920 |
Local de nascimento Rio de Janeiro/RJ |
Falecimento 07/01/1991 |
Local de falecimento Rio de Janeiro/RJ |
Formação Direito |
Profissão Advogado, jornalista e construtor civil |
Partido Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e Partido Democrático Trabalhista (PDT) |
Nasceu em 17 de novembro de 1920, no Rio de Janeiro/RJ. Filho de Armindo Augusto Doutel de Andrade e de Cândida Margarida Doutel de Andrade.
Casou com Lígia Doutel de Andrade, com quem teve filhos. A esposa foi eleita Deputada Federal por Santa Catarina, para o período de 1967-1970, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mas teve o mandato cassado pelo Ato Institucional nº 5, em 1969. Seu sogro, José da Costa Moellmann, foi engenheiro, Prefeito de Florianópolis e Secretário da Fazenda de Santa Catarina.
Armindo, conhecido politicamente como “Doutel de Andrade”, realizou sua formação no Rio de Janeiro: o primário (Grupo Escolar Rio Grande do Sul); o secundário, (Instituto Lafayette) e o superior em Direito (Universidade Federal Fluminense).
Como jornalista, atuou nos folhetins O Globo, Diretrizes, Diário da Noite e O Jornal, e fez a cobertura das eleições presidenciais de 1945, sendo eleito Eurico Gaspar Dutra para mandato de 1946-1951, da Constituinte de 1946, e do segundo governo do Presidente Getúlio Vargas (1951-1954).
Em 1950, passou a atuar como advogado do Banco do Brasil, nomeado pelo Presidente Vargas. Em 1952, assumiu a função de Primeiro-Secretário do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e integrou o gabinete do Ministério do Trabalho, comandado por João Goulart, a partir de 1953.
Foi o primeiro Deputado Federal do PTB de Santa Catarina, eleito em 1958, com 28.217 votos, tomou posse e exerceu funções à 41ª Legislatura (1959-1963).
Em 1959, foi escolhido presidente do PTB em Santa Catarina e foi o Vice-Líder da bancada de seu partido na Câmara.
Em 1960, elegeu-se Vice-Governador de Santa Catarina, na chapa encabeçada por Celso Ramos, mas não renunciou ao cargo de Deputado Federal, pois não houve necessidade de assumir o Executivo durante o mandato.
A atuação de Doutel de Andrade foi fundamental durante a crise política e militar causada pela renúncia do presidente Jânio Quadros e a entrada de João Goulart no poder em 1961, que causou tensões em todo o país. Na ocasião atuou como porta voz do governo na tribuna da Câmara, comunicando a disposição de Goulart em alterar o sistema de governo do Brasil para parlamentarista.
Em 1962, foi reeleito Deputado Federal por Santa Catarina, pelo PTB, com 37.393 votos - o segundo deputado mais votado no Estado, participou da 42ª Legislatura (1963-1967). Assumiu a Vice-Liderança da maioria e do PTB na Câmara. Integrou a Frente Parlamentar Nacionalista (formada para defender políticas e soluções nacionalistas para os problemas do desenvolvimento brasileiro), e foi Observador Parlamentar na 26ª Conferência Internacional de Instrução Pública, realizada em Genebra, no ano de 1963.
Um dos maiores defensores do governo Goulart, de quem recebeu uma mensagem justificando a decisão de deixar o país em 1964, no curso de sua deposição. Diante das mudanças políticas, Doutel tornou-se líder do PTB e da minoria na Casa.
Com a instituição do bipartidarismo no Brasil (imposto pelos decretos militares: Ato Institucional n° 2, regulamentado pelo Ato Complementar n° 4), filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), em 1966, e foi seu Vice-Líder. Articulou a Frente Ampla e o Movimento de Resistência Militar Nacionalista.
Por sua atuação efetiva contra o regime militar, teve seu nome incluído na Lei de Segurança, de 1966, perdeu o mandato de Deputado Federal e teve os direitos políticos suspensos por dez anos (Decreto de 13/10/1966, publicado no Diário Oficial de 14/10/1966, p. 11.877). Ficou detido por alguns dias, indiciado em inquérito policial militar (IPM) - que investigava as atividades do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Mesmo sem mandato, Doutel continuou sua militância, apoiou candidatos contrários ao regime militar e participou de encontros e congressos trabalhistas.
Com a Lei da Reforma Partidária (1979), passou a integrar a Comissão Nacional de reorganização do PTB, tendo este se fragmentado, participou da fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), agremiação em que Leonel Brizola foi Presidente e Doutel, Vice.
Em 1980, com a Lei de Anistia, foram restituídos seus direitos e assumiu seu posto no Banco do Brasil.
Quando Leonel Brizola foi eleito Governador do Rio de Janeiro (1983), passou a presidir nacionalmente o PDT e representou o partido nas caravanas das Diretas Já (1983-1984).
Candidatou-se a Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, em 1986, obteve uma suplência, foi convocado em 1989, para a 48ª Legislatura (1987-1991), efetivado em 3 de janeiro de 1989, na vaga do PDT, deixada pelo Deputado Noel de Carvalho. Tornou-se Líder do partido no Congresso.
Faleceu em 7 de janeiro de 1991, no Rio de Janeiro/RJ.
Em 2012, em sessão solene, a Câmara dos Deputados fez a devolução simbólica aos 173 parlamentares que tiveram mandatos cassados pela ditadura militar, entre eles, Doutel e Lígia.
ESCOLA MUNICIPAL DOUTEL DE ANDRADE - EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAxODE=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
ABREU, Alzira Alves de. Dicionário histórico-biográfico brasileiro: Pós-1930. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2001. 6211 p. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rNzgxNQ==>. Acesso em: 30 mai. 2018.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Biografia: Doutel de Andrade. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAyMjA=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Parlamento mutilado: deputados federais cassados pela ditadura de 1964. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rNzk2NDA=>. Acesso em: 9 abr. 2019.
BRASIL. Senado Federal. Grandes Momentos do Parlamento Brasileiro. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAyMDc=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
CPDOC. Fundação Getúlio Vargas. Armindo Doutel. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAyNDY=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
CPDOC. Fundação Getúlio Vargas. Verbete Biográfico: Armindo Marcilio Doutel de Andrade. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAyMzM=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
CPDOC. Fundação Getúlio Vargas. Verbete Biográfico: Frente Parlamentar Nacionalista (FPN). Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAxNTU=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
ESCOL.AS. Armindo Marcilio Doutel de Andrade. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAxNjg=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
GUIA MAIS. Doutel de Andrade. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODAxOTQ=>. Acesso em: 15 abr. 2019.
PIAZZA, Walter F. Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1994. 714 p.
PIAZZA, Walter F. O Poder Legislativo Catarinense: das suas raízes aos nossos dias 1834-1984. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1984. 584 p.
RODRIGUES, Natália. Estado Novo. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rNjA0MzI=>. Acesso em: 21 mai. 2017.
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL. Resenha Eleitoral - Eleições Catarinenses 1945-1998. 2001. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rNjI2OQ==>. Acesso em: 30 nov. 2017.
MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Biografia Doutel de Andrade. 2020. Disponível em: <https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/1239-Doutel_de_Andrade>. Acesso em: 21 de novembro de 2024.
Memória Política de Santa Catarina (2020)
(MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA, 2020)