Joaquim Coelho Lemos
Joaquim Coelho Lemos

Engenheiro elétrico, natural de Itajubá/MG, Deputado Constituinte e Deputado Estadual no Parlamento Catarinense, século XX.

Informações Gerais

Filiação
Deocleciano Lemos e Helina Maria Xavier Lemos
Nascimento
22/09/1948
Local de nascimento
Itajubá/MG
Formação
Engenharia Elétrica
Profissão
Eletricitário
Partido
PDS, PFL, DEM, PSD.
Base Eleitoral
Chapecó e Região Oeste de SC
Residência
Florianópolis/SC

Joaquim Coelho Lemos

Nascido em 22 de setembro de 1948, em Itajubá/MG. Filho de Deocleciano Lemos e Helina Maria Xavier Lemos. Casado com Maria Aparecida Lemos, professora normalista, terceiro grau incompleto.

Escolaridade

  • Ensino Fundamental (Primário): Colégio de Itajubá, Itajubá/MG, (1956 a 1960).
  • Ginásio: Colégio de Itajubá, Itajubá/MG, (1961 a 1964).
  • 1ª Série do Ensino Médio: Colégio de Itajubá, Itajubá/MG, (1965).
  • 2ª e 3ª Séries do Ensino Médio: Colégio Estadual Major Pereira, Itajubá/MG, (1966 e 1967).
  • Superior: Curso de Engenharia Elétrica, da Escola Federal de Engenharia de Itajubá, Atual Universidade Federal de Engenharia de Itajubá - UNIFEI*1, Itajubá/MG. Turma de 1973 (Turma Sexagenária, isto é, aos 60 anos de fundação da Escola). Lema: "Revelemo-nos, mais por atos do que por palavras, dignos de possuir este grande país”. Dr. Theodomiro Carneiro Santiago.

Experiência profissional  

Admitido nas Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A, hoje CELESC Distribuição S/A, em janeiro de 1974.

Atividades:

  • 1974 - janeiro/junho - CELESC Agência Regional de Joaçaba - Serviço de Fiscalização e Obras.
  • Julho de 1974 a abril de 1979 - CELESC Agência Regional de Chapecó - Gerente de Distribuição.
  • Maio de 1979 a março de 1986 - CELESC Agência Regional de Chapecó Administrador Regional.
  • 1987 a março de 1988 - a disposição da Eletrosul -Engenheiro Fiscal de obras na construção da cidade de NOVA ITÁ.
  • 1995-1996 - Diretor de Operação da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN).
  • 2003-2006 - Assessoria Técnica a Prefeitura Municipal de Lages, iluminação pública, redes e instalações elétricas e eventos.
  • 2007-2010 - Assessoria Senado Federal.

Capacitação:

  • Curso Especial de Distribuição de Energia Elétrica - Universidade Mackenzie, SP 1976.
  • Capacitação em Gestão Energética Municipal - IBAM - CELESC, 2006.

Contratado em janeiro de 1974 pelas Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC), para atuar na Agência Regional de Joaçaba/SC, no cargo de Engenheiro Eletricista, fui convidado pela diretoria desta empresa, em companhia do Economista Aldo Rosa e do Engenheiro Nazareu Tancredo Knabben, sob a coordenação deste, todos empregados da CELESC, para implantarmos, a partir de junho de 1974, a filial da CELESC em Chapecó/SC. A concessionária até então responsável pelo atendimento, Força e Luz de Chapecó, fora encampada pela CELESC.

- Sistema de distribuição de energia elétrica (Rede Elétrica) da Força e Luz de Chapecó:

O Sistema de Distribuição de Chapecó encontrava-se completamente obsoleto. O fornecimento se resumia à capacidade total de geração da Usina Hidrelétrica Rio do Tigre do município de Guatambu que entregava 2.000 Kw; mais 100 Kw da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, situada no bairro de mesmo nome do município de Chapecó; mais 2.000 Kw que era a capacidade de transporte da Linha de Transmissão que trazia energia da Usina Hidrelétrica do Voltão, no município de Xanxerê/SC, perfazendo uma capacidade total de atendimento da demanda igual a 4.100 Kw.

Naquele momento, a operação de tal sistema era caótica, visto que a demanda de energia tinha um crescimento acelerado, já que a cidade de Chapecó apresentava um surto de crescimento memorável. Prova disso, foram as várias vezes que o sistema foi derrubado, deixando todos os consumidores da Área de Concessão sem energia, tendo em vista a partida simultânea dos dois maiores motores de 250 CV da empresa Sadia, sediada no bairro Engenho Braum. Isso se devia ao caráter de Sistema Isolado com geração insuficiente para fazer frente à demanda.

Por isso, a primeira medida que fomos obrigados a tomar, foi à suspensão de qualquer nova ligação, inclusive de residências, pela absoluta falta de capacidade de suprimento de novas cargas. Paralelamente, com autorização e total apoio da diretoria da CELESC, iniciamos o processo de instalação de uma Subestação de Emergência que disponibilizaria energia do Sistema Interligado Nacional e livrasse Chapecó e a região que compunha a concessão da Força e Luz de Chapecó, do gargalo que estrangulava ou limitava seu desenvolvimento.  Isso importava na escolha do terreno da nova subestação, que veio a ser uma fração do atual terreno do Shopping Páteo, projeto da Subestação e da Linha de Transmissão que traria a energia do sistema interligado e finalmente da execução das obras correspondentes.

Tudo isso foi possível de se realizar num prazo de seis meses e em dezembro de 1974 Chapecó e municípios limítrofes foram libertados do isolamento energético a que estavam submetidos. Tal proeza só foi possível pelo apoio incondicional da diretoria da CELESC integrada pelos senhores Osvaldo Moreira Douat (diretor-presidente), Luiz Gomes (diretor administrativo), engº Carlos Alberto Reis Seara (diretor de distribuição) e ainda, do corpo técnico da Administração Central da CELESC, sob o comando do engº Alberto Augusto Werdine Salomon - chefe do departamento de distribuição.

Por outro lado, encontramos em Chapecó um ambiente propício, pois em que pese o isolamento da região devido à infraestrutura rodoviária e comunicações telefônicas precárias e limitadas, havia como sempre houve, um espírito empreendedor, um pioneirismo e pronto engajamento nas demandas sociais. Assim obtivemos pronto atendimento da Secretaria do Oeste, através do secretário senhor Plínio Arlindo de Nês, que destinou o maquinário indispensável à limpeza da faixa por onde seria construída a LT 69 KV que levaria a energia da CELESC para Chapecó e região. Também, quero destacar a audácia da Empresa Construforma Ltda., que mesmo não tendo experiência em redes de grande porte, através de seu diretor proprietário Aldi Berdian futuro prefeito, aceitou construir a Linha de Alta Tensão.

Para concluir a situação do quadro encontrado, ressalte-se, ainda, o deplorável estado de conservação em que se encontravam as redes de distribuição do centro e bairros de Chapecó.

- CELESC em Chapecó

A partir de julho de 1974, a CELESC se tornou realidade em Chapecó com o compromisso inicial de atender aproximadamente 4.500 consumidores, sendo 425 consumidores rurais, em cinco municípios catarinenses (Chapecó, Coronel Freitas, Quilombo, Caxambu do Sul e Águas de Chapecó).

Com a disponibilidade de energia do Sistema Interligado Nacional, mesmo contando apenas com instalações provisórias, outros municípios - também sob precário atendimento de terceiros, começaram a pressionar para se incorporarem ao fornecimento via CELESC Chapecó. O primeiro a ser atendido foi o atual município de Cordilheira Alta, à época distrito de Chapecó.

Cordilheira Alta

Atendido originalmente por uma rede rural que partia de Xaxim/SC, de propriedade da Hidrelétrica Xanxerê Ltda., ressentia-se de atendimento de qualidade já que o fornecimento era intermitente e a disponibilidade muito limitada. Após estudos de viabilidade técnica, concluímos que a linha de distribuição que atendia Cel. Freitas/SC e Quilombo/SC, passando pela Colônia Cella, possuía capacidade suficiente para receber a nova carga representada pelos consumidores de Cordilheira Alta. Então, para ligar os consumidores de Cordilheira Alta ao novo sistema de Chapecó eram necessários 2.700 m de rede a partir da Colônia Cella. Muito se empenhou e participou com seus empregados, até fisicamente, na execução da rede, o senhor Ludovico Júlio Tozzo.

Outros municípios catarinenses que reclamaram atenção foram Abelardo Luz, São Domingos e Galvão - então atendidos pelas respectivas prefeituras ou cooperativas locais, mas supridos pela energia da Hidrelétrica Xanxerê Ltda. Além destes, o município de São Lourenço do Oeste/SC, que já era atendido pela CELESC, agência de São Miguel do Oeste, mas com suprimento através de linha rural da COPEL do Estado do Paraná, também reclamava melhores condições de atendimento já que a linha supridora não atendia mais a carga existente e estava estrangulando o crescimento da cidade.

Com a inauguração da Subestação de Energia Elétrica Xanxerê da ELETROSUL, no município de Xanxerê, a CELESC decidiu construir as Linhas de Distribuição LT Xanxerê-Abelardo Luz e LT Xanxerê-São Domingos-Galvão-São Lourenço do Oeste, sendo estas linhas fator de grande progresso para a região. Depois de ligadas estas linhas, não só proporcionaram um grande avanço na qualidade e quantidade da energia fornecida as cidades em tela, como permitiram a implantação de um dos mais abrangentes e ousados programas de eletrificação rural, o chamado Programa de Eletrificação Rural Comunitário, a cargo da Agência Regional de Chapecó, a qual estes municípios já eram integrantes.

Durante todos os primeiros anos de atuação na nova área de concessão na região de Chapecó, a CELESC se dedicou diuturnamente para garantir a Chapecó e região a energia, suficiente e de qualidade, que permitiu o desenvolvimento acelerado destas regiões, principalmente do agronegócio e da agroindústria. Empresas como Sadia, Frigorífico Chapecó, Frigorífico Aurora, Cooperalfa e toda uma gama de empresas fornecedoras das anteriormente citadas. A par disso, foram contratados os projetos para a substituição e ampliação de todas as redes das cidades da Agência Chapecó. À medida que os projetos iam sendo entregues, dava-se início as obras. Todo esse processo foi supervisionado e fiscalizado pela área técnica da Agência Chapecó com o apoio permanente e suficiente do departamento de engenharia da diretoria de distribuição da administração central.

O crescimento acelerado dos grandes frigoríficos determinou a ampliação dos alojamentos de aves e suínos na mesma proporção. A eletrificação passava ser prioritária também no meio rural. Santa Catarina, em vista do seu modelo agrário (grande número de pequenas propriedades), optou por priorizar a Eletrificação Rural em detrimento do investimento na geração de energia elétrica. Foi então que foi criada e instalada a Eletrificação Rural de Santa Catarina (ERUSC). Esta construía as redes e cedia às cooperativas de eletrificação rural constituídas para o fornecimento de energia, operação e manutenção das redes bem como do seu crescimento vegetativo. Foram estabelecidas regiões de atuação para as cooperativas em áreas essencialmente rurais. Assim nasceram as Cooperativas de Eletrificação Rural Vale do (Rio) Araçá, Cooperativa de Eletrificação Rural Vale do (Rio) Chapecó, e muitas outras; algumas permanecem em atuação até o presente.

A CELESC não poderia se omitir e deixar de participar desse grande esforço institucional; e mesmo vivendo momento de expansão sobre áreas até então atendidas por terceiros, necessidade de reformar as redes incorporadas e atender o crescimento do mercado que se desenvolvia em grande velocidade, candidatou-se ao Programa de Eletrificação Rural, financiados pela ELETROBRÁS (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.).

Até 1979, citando a Agência Regional de Chapecó que estava sob minha responsabilidade técnica, onde respondia pelos setores de operação do sistema e redes elétricas, projetos de redes de distribuição, reformas e expansão de redes urbanas, a Regional de Chapecó se empenhou também, e muito, nos projetos de redes de eletrificação rural financiados pela ELETROBRÁS. Foi possível atender a um grande número de consumidores das áreas rurais dos cinco municípios originais, os que eram atendidos pela Força e Luz de Chapecó.  

A partir de 1979, com a nomeação do engenheiro Vilson Kleinübing para da Diretoria de Distribuição da CELESC, ganhou força o Programa de Eletrificação Rural Comunitário. Nesse ano de 1979, também assumi o cargo de Administrador Regional da Agência Regional da CELESC de Chapecó. Apesar de receber o reforço técnico de engenheiros como João Bosco de Castro Oliveira e Milton de Souza, nunca me afastei das decisões técnicas.

Programa de Elerificação Rural Comunitário

Consistia de uma formula engenhosa que envolvia a CELESC, futuros consumidores, fornecedores e Banco do Brasil.

Através de reunião com a comunidade, identificávamos as localidades interessadas em receber o benefício da energia elétrica. Era divulgado o modo operante e contabilizado o apoio e participação de cada interessado nas diversas fases do empreendimento.

- À CELESC cabia: a execução do projeto, o encaminhamento da relação dos materiais e serviços necessários às empresas interessadas em participar do certame, apresentação dos orçamentos fornecidos pelas empresas para decisão dos interessados, fiscalização da execução da obra, fiscalização das instalações de entrada de energia de cada propriedade, garantia de fornecimento de energia elétrica de qualidade e doação dos materiais específicos cujo controle de qualidade a CELESC não abriria mão de fazê-lo (isoladores de Alta Tensão, conectores, chaves fusível para Alta Tensão, para-raios para Alta Tensão e Transformadores de Distribuição 23.000-13.800/380-220 volt);

- Aos Interessados cabia: decidir em reunião se seriam favoráveis à instalação da Rede de Eletrificação Rural na sua comunidade; aprovar a obrigação de expressar por escrito a autorização de passagem e de instalação de postes em suas propriedades; colaborar na elaboração do Projeto Elétrico através da disponibilização de mão de obra, moradores beneficiários, para abertura de picadas por onde o projetista/topógrafo pudesse caminhar fazendo a locação dos postes; discutir os orçamentos (custo dos demais materiais necessários, excetuando os doados pela CELESC, mais o custo da mão de obra, conforme projeto da CELESC), decidindo por maioria aquele mais favorável e assumindo sua cota parte equivalente ao resultado da divisão igualitária custo total/nº de adesões.

- Ao Banco do Brasil cabia: financiar a cota de cada interessado/beneficiário da ligação de energia. Foi importantíssimo o engajamento do Banco do Brasil que, por intermédio de seu presidente, o catarinense Osvaldo Colin, disponibilizou os recursos necessários para atender tantos quantos fossem os interessados, a época a juros de 42% a.a. e enviando as equipes de contratação de crédito junto com a equipe da CELESC nas localidades onde seriam executadas as obras. Então, tomada a decisão de fazer a obra, os presentes interessados já faziam a contratação do crédito de sua cota parte.

A instalação de energia elétrica nas linhas rurais, de maneira contínua e persistente sem nenhuma discriminação por parte da Regional da CELESC de Chapecó, foi imediatamente estendida aos demais municípios integrantes desta, assim que houve disponibilidade de energia com a conclusão da LT Xanxerê-São domingos-Galvão-São Lourenço do Oeste (Linha de Transmissão). Estes municípios possuíam então, números irrisórios de consumidores rurais de energia elétrica. Assim, todas as localidades denominadas Linhas, em outras regiões conhecidas por “Tifas” ou equivalentes, em todos os municípios da Agência Regional de Chapecó, foram contempladas chegando, em muitos casos a haver 150 beneficiários em uma única Linha. Note-se aí, como, então, a colônia era populosa.

Considerando os consumidores rurais pré-existentes a Agência Regional de Chapecó, acrescidos dos ligados pelos Programas da ELETROBRÁS, Comunitário de Eletrificação Rural, mais a incorporação dos consumidores da Cooperativa de Eletrificação Rural Vale do Chapecó e os crescimentos vegetativos, a CELESC Regional de Chapecó, partindo de 425 consumidores rurais em 1974, chegou a meados de 1986 com cerca de 16.500 consumidores rurais. Eram então integrantes da Agência Regional da CELESC de Chapecó os municípios de Chapecó, Caxambu do Sul, Aguas de Chapecó e São Carlos, Coronel Freitas, Quilombo e São Lourenço do Oeste, Abelardo Luz, São Domingos e Galvão.

Os municípios de Cordilheira Alta, Ouro Verde, Ipuaçu, Coronel Martins, Jupiá, Novo Horizonte, Formosa do Sul, Irati, Santiago do Sul, Jardinópolis, União do Oeste, Águas Frias, Nova Itaberaba, Planalto Alegre e Guatambu todos também foram atendidos na condição de distritos dos 10 municípios mães originais.

A Eletrificação Rural da Agência Regional da CELESC de Chapecó representa uma página impar de desenvolvimento social e econômico de uma microrregião, em tempo tão exíguo, e a partir de condições tão adversas. Viabilizou o bombeamento de água potável para consumo humano e animal, preservando a saúde da população rural e ampliando fantasticamente a capacidade de alojamento de animais, maior vocação da região. Propiciou o uso de equipamento eletroeletrônico em larga escala proporcionando à indústria e ao comércio vendas em volumes extraordinárias em motobombas, motores, geladeiras, frízeres, máquinas de lavar roupas, resfriadores para leite, chuveiros elétricos, TV e demais eletrônicos, ventilação e automação das funções e atividades para criação de aves alojadas, etc. e fazendo saltar a qualidade de vida.

Além desses eventos e fatos acima narrados, ainda obtivemos a primeira Subestação definitiva de Chapecó 69/23 Kv, localizada no bairro Passo dos Fortes, o atual prédio administrativo da Agência Regional de Chapecó (Celesc Distribuição S/A - Chapecó) e construímos junto com os colaboradores da Regional e apoio da diretoria e município de Chapecó a Sede Recreativa ABCelesc com Ginásio de Esportes.

Para a realização dessa grande conquista dos empregados e familiares, esteve à frente dos trabalhos o então presidente da ABCelesc, ex-vereador Antônio Varella do Nascimento, que a par de seu diligente e profícuo desempenho técnico gerencial nos quadros da Regional de Chapecó, foi obstinado para retirar o Ginásio de Esportes do papel e suas fundações do barro.

Como empregado de empresa pública de capital misto, nos cargos que exerci desempenhei minhas funções de maneira pública e comunitária, visando o interesse dos cidadãos, sob a luz das leis e regulamentos da minha empresa.

Essa trajetória de atuação, acima descrita, ajuda a entender como um engenheiro de Minas Gerais, que se considerava essencialmente técnico, teve seu nome lembrado num momento particular da vida política do país e concordou em ingressar na vida política de Santa Catarina.

Era o ano de 1986 e o PFL (Partido da Frente Liberal) estava em formação no Brasil. Era a criação de um novo partido a partir do embrião da Frente Liberal que havia se formado para, em conjunto com o PMDB, eleger Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Em todo o Estado de Santa Catarina era grande a agitação para a consolidação do PFL, já que 1986 era ano eleitoral. Em Chapecó, liderado pelo empresário Plínio David de Nês Filho, o diretório municipal foi instalado com a filiação de 8 vereadores de um total de 15 cadeiras na Câmara Municipal. Mais alguns poucos diretórios municipais foram instalados e se contava com a liderança empresarial de Plínio David, o Maninho, para alavancar as candidaturas que representariam a Região Oeste. As opções eram poucas para um partido em formação e sem bases nos municípios. Para deputado federal foram convidados os senhores Sadi de Marco e Narcizo Parisotto. O primeiro, ex-prefeito de Chapecó caçado pelo regime militar, estava radicado em Francisco Beltrão/PR. O segundo, missionário da Igreja do Evangelho Quadrangular, com sede no bairro Passo dos Fortes, Chapecó. Para deputado estadual foram feitos vários convites entre políticos, inclusive com mandatos, mas não houve solução que representasse Chapecó. Na região de Campo Erê a Dionísio Cerqueira foi candidato a deputado estadual Nelson Tressoldi e na região de Palmitos a divisa com a República Argentina o senhor Nilson Rigoni.

O prazo estava ficando apertado e não havia perspectiva de candidatura viável para Chapecó. Foi quando os vereadores, liderados pelo vereador João Carlos Schneider da Costa e outras lideranças do diretório municipal, lembraram-se do meu nome. Afinal, o nome “Dr. Joaquim da CELESC” era conhecido desde 1974 - quando todas as decisões sobre ligação e consumidores dependiam de decisão técnica do eng. Joaquim Lemos. Além disso, estas mesmas e demais lideranças acompanharam e participaram, até como beneficiários, do programa de eletrificação rural.

Assim, meu nome foi aprovado para concorrer a Deputado Estadual pelo PFL e o Líder e amigo Plínio David de Nês Filho me fez o convite que viria aceitar, hipotecando todo seu apoio e o do partido para a campanha eleitoral. Então, o engenheiro que apenas desejava prestar o melhor e pronto atendimento aos consumidores da CELESC, cumprindo com convicção o Lema do fundador da escola de engenharia em que se formara, estava agora fora de sua área de conforto. Afinal, entrava no mundo da política.

Atividades políticas

1986 - Candidato a Deputado Estadual, alcançando a 1ª suplência do PFL.
1988 - Assume uma cadeira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, por 4 meses.
1989 - Deputado Estadual,  pelo PFL.
1990 - Reeleito Deputado Estadual.
1991-1995 - Deputado Estadual, pelo PFL.
1999-2002 - Executivo de Gabinete do Vice-Governador.

Funções exercidas na Assembleia:

  • Presidente da Comissão Permanente de Orçamento e Finanças, por 2 mandatos.
  • Membro de diversas Comissões Permanentes e Presidente de CPI.
  • 1º Secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.

Atividades Legislativas:

Das mais profícuas, as decisões da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC) no período devem ser destacadas por qualquer ângulo de análise. O Brasil vivia um período de turbulência, sendo que no último mês do governo Sarney a inflação foi de 89%. Veio o governo Collor com sua política econômica heterodoxa. O governador Vilson Kleinübing, a exemplo dos demais, teve muitas dificuldades. O diferencial, se assim podemos nos referir, foi o apoio conferido pela ALESC, através de uma bancada unida e comprometida com a governabilidade do Estado.

Os projetos de minha autoria estão disponíveis no acervo da ALESC. Mesmo assim, gostaria de ressaltar alguns trabalhos que tive a oportunidade de participar:

  1. Como presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou transação ilegal de um terreno em Joinville envolvendo a CELESC e CELOS, dirigi os trabalhos e, após sua conclusão, encaminhei os resultados da investigação que esclareceu os fatos, ao Ministério Público Estadual (Mandato 1989-1990);
  2. Relator do Orçamento Anual do Estado em duas oportunidades (Mandato 1991-1994);
  3. Relator de diversos processos de solicitação de emancipação de distritos municipais (criação de novos municípios). Apesar de controversos sempre defendi o desmembramento como uma forma de acelerar a conquista de melhor qualidade de vida das populações esquecidas nas pequenas vilas. Se algumas, pela má administração pública, praga que atormenta este país, cometem dispêndios excessivos com pessoal e autoridades, todas as cidades criadas foram beneficiadas por melhorias como a implantação ou melhoria da prestação de atendimento à saúde, como o atendimento operacional da energia elétrica e da telefonia, como o fornecimento de água tratada e todas estão ligadas por estradas pavimentadas. Todas estas conquistas representam melhorias que impactaram diretamente a vida das pessoas.
  4. Outro tema que me é muito caro é a administração escolar. O ensino escolar em todo o Brasil é desqualificado pela maioria dos especialistas. Como nem os nossos netos viverão no país maravilhoso descrito na Constituição Brasileira, mesmo que a corrupção seja tratada como em país civilizado, é necessário que a sociedade assuma atribuições como prevê a lei, além do recolhimento dos escorchantes impostos. Assim, já naquela época, apresentei projeto de lei com o objetivo de tratar esse problema. Afinal, não há remédio para sair das mazelas do país se não for pela via da educação de qualidade. Então a ementa do projeto referia-se a Contrato de Gestão que a direção das escolas firmaria com os governos. Infelizmente, não prosperou na casa. Hoje estou convicto de que se a direção das escolas, através das APP’s, não integrarem os pais dos alunos ao dia a dia das escolas não haverá salvação.
  5. Projeto de reconhecimento de mérito. Por proposição de minha autoria, a ALESC reconheceu seus méritos e concedeu Título de Cidadão Catarinense ao pioneiro Plínio Arlindo de Nês. Grande capitão da indústria da carne, fundou e presidiu por longos anos o Frigorífico Chapecó. Também implantou o ensino universitário na região Oeste com a criação da Fundação Universitária do Desenvolvimento do Oeste (FUNDESTE.) Vereador e Prefeito de Chapecó, foi um dos seus grandes benfeitores tendo ainda, como Secretário dos Negócios do Oeste, levado desenvolvimento a toda região.

Outras atividades políticas

  • Membro do Diretório Municipal do PFL de Chapecó e da Comissão Executiva.
  • Membro do Diretório Regional do PFL de Santa Catarina e da Comissão Executiva.

Principais atividades comunitárias e sociais 

  • Sócio e ex-presidente do Rotary Clube Chapecó Oeste.
  • Diretor vice-presidente da APAE Chapecó.
  • Coordenador do CAP (Colegiado de Administração Pública) Chapecó, durante 1 ano (1985). Grupo composto pelos chefes de todos os órgãos públicos do Estado com sede em Chapecó.
  • Atualmente: Presidente da Fundação Nova Vida, a partir de 2011.

*Texto enviado pelo Deputado Joaquim Coelho Lemos.

Homenagem

Homenageado como Deputado Constituinte, em sessão especial da Assembleia Legislativa, em 2019, nas comemorações de 30 anos da Carta Constitucional catarinense assinada em 1989.


1 Inaugurada em 23 de novembro de 1913 como Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá e federalizada pela Lei 2.721, sancionada por Nereu Ramos, Presidente da República em exercício.

Mandatos

Referências

MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Redemocratização: Constituinte de Santa Catarina. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTgwNjY=>. Acesso em: 10 mar. 2017.

SANTA CATARINA. Agência AL. Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Alesc celebra os 30 anos da Constituição Estadual. 2019. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTQxNzk=>. Acesso em: 2 out. 2019.

Como citar este documento
Referência

MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Biografia Joaquim Coelho Lemos. 2023. Disponível em: <https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/491-Joaquim_Coelho_Lemos>. Acesso em: 25 de abril de 2024.

Citação com autor incluído no texto

Memória Política de Santa Catarina (2023)

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(MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA, 2023)

Memória Política de Santa Catarina