Manoel dos Santos Lostada
Manoel dos Santos Lostada

Jornalista, poeta e militar, natural de Palhoça/SC, Deputado Estadual no Parlamento Catarinense, final do século XIX e início do século XX.

Informações Gerais

Filiação
Marcelino Inácio dos Santos Lostada e Generosa Maria da Glória Lostada
Nascimento
08/03/1860
Local de nascimento
Palhoça/SC
Falecimento
20/10/1923
Local de falecimento
Florianópolis/SC
Profissão
Jornalista, poeta e militar
Partido
Partido Republicano Catarinense (PRC)

Manoel dos Santos Lostada

Nasceu em 8 de março de 1860, na localidade Furadinho, em Palhoça/SC. Filho dos espanhóis Marcelino Inácio dos Santos Lostada e de Generosa Maria da Glória Lostada. Seu avô paterno era José Inácio Lostada e o materno, Manoel Luiz dos Santos.

O pai de Manoel faleceu em 1866 e a família se mudou para Coqueiros, em Desterro/SC (atual Florianópolis), onde foi alfabetizado pelo professor Balduino da Silva Cardoso. Depois trabalhou como Caixeiro na casa comercial de Marciano de Carvalho, no centro da Capital, na ilha de Desterro, deslocava-se de barco. Sua mãe morreu em 1909.

Apesar de não ter frequentado escola secundária, tornou-se um autodidata, apreciava a leitura e alcançou destaque nas atividades que desenvolvia.

Seu primeiro soneto foi publicado no jornal A Regeneração, quando tinha 21 anos. Depois, muitos outros, em jornais, folhetins e semanários da época, além de contos e crônicas, usando os pseudônimos de Orlando de Castro e Severo Lima. Anos mais tarde (1909 e 1910), publicou suas crônicas na própria coluna Minutos de Mar, no jornal Folha do Comércio, em Desterro.

Conquistou a simpatia e o respeito de pessoas cultas, como Araújo Figueiredo (seu amigo), José Boiteux, João da Cruz e Sousa (expoente poeta catarinense, precursor do simbolismo no Brasil), Luís Delfino, Virgílio Várzea, com estes participou do movimento Ideia Nova (evento cultural realista que se opunha ao romantismo) e publicou no periódico literário O Colombo, de maio a setembro de 1881. Em novembro do mesmo ano, integrou o Grêmio Literário Catarinense Oliveira Paiva.

Em Desterro, frequentava os espetáculos teatrais apresentados no Teatro Santa Izabel (atual Teatro Álvaro de Carvalho) e declamava suas poesias durante os intervalos, como era de costume na época.

Nomeado pelo Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Luís da Gama Rosa, foi Contador e Partidor do Juízo Municipal de Órfãos do Desterro, em 1883, e Oficial do Gabinete do Presidente (atual cargo de Chefe de Gabinete), a partir de 28 de fevereiro de 1884.

Em Itajaí/SC, exerceu as funções de: Promotor Público (de 21 de maio de 1884 até 1º de fevereiro de 1886 e em 1890); Contador da Comissão de Melhoramento do Porto (1886), e membro da Comissão Diretora do Hospital Santa Beatriz (1887).

Em Blumenau/SC se alistou no Exército e foi: Promotor Público (nomeado em 21 de fevereiro de 1890); Delegado Literário (a partir de 23 de abril de 1891); Escriturário da Comissão de Terras (nomeação de 12 de maio de 1891) e Chefe do Distrito Escolar (após 10 de maio de 1894).

Entre 1893 e 1895 aconteceu a Revolução Federalista1 e Manoel foi para o Rio Grande do Sul combater. Retornou para Blumenau, onde foi preso em 3 de março de 1893, com Hercílio Luz e mais alguns, que foram levados para Desterro e soltos posteriormente. “O clímax do conflito se deu quando os federalistas tomaram Santa Catarina e juntaram-se aos insurgentes da Revolta da Armada, que invadiram a cidade de Desterro” (Santana). Após a perseguição aos contrários ao Governo Federal e o confronto sangrento, centenas de pessoas (militares e civis) foram mortas. Depois do massacre, Desterro foi rebatizada com o nome de Florianópolis, em homenagem a Floriano Peixoto, a quem Manoel apoiou.

Retornou a Desterro em 1894, quando Hercílio Luz foi eleito Governador do Estado catarinense, e dirigiu o Liceu de Artes e Ofícios, a partir de 15 de setembro de 1894, tendo sido nomeado Diretor novamente em 11 de novembro de 1911.

Com idade avançada, casou com Adelina Regis2, filha de Alexandre Justino Regis e de Luísa Lebon Regis, era professora de trabalhos de agulha (costura) na Escola Normal, localizada em Florianópolis, irmã de Gustavo Lebon Régis e viúva de Octávio Lobo de Oliveira, negociante de Joinville. Após três anos de casamento, ela faleceu.

Eleito Deputado ao Congresso Representativo de Santa Catarina (Assembleia Legislativa), com 4.390 votos, participou da  Legislatura (1894-1895); da Legislatura (1896-1897); da Legislatura (1901-1903), recebeu 4.816 votos na eleição, e da Legislatura (1904-1906), eleito com 8.606 votos. Durante os mandatos, compôs a Mesa Diretora da Assembleia nas funções de 2º Secretário (1895, 1896, 1897 e 1901) e 1º Secretário (1902-1906). No parlamento, defendeu interesse de várias regiões do Estado, principalmente de Blumenau, como os projetos de desapropriação de terras.

Muito ativo e bem relacionado, exerceu várias funções:

  • 2º Substituto do Superintendente de Florianópolis, (nomeado em 28 de março de 1901);
  • Membro da Sociedade Amparo das Famílias e seu Primeiro Tesoureiro (fundada em 21 de julho de 1901);
  • Presidente do Conselho Municipal da Intendência de Florianópolis (após 7 de dezembro de 1902);
  • Secretário Geral da Sociedade Catarinense de Agricultura (1906);
  • Diretor da Secretaria do Congresso Representativo de Santa Catarina (1908);
  • 1º Secretário do Conselho e Contador da Repartição de Melhoramentos dos Portos e Rios do Estado (1913).

A partir da década de 1910, dedicou-se ao espiritismo, por influência do amigo Araújo Figueredo, palestrando sobre o tema.

Sócio pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Em outubro de 1923, foi indicado para assumir, como titular, a Cadeira nº 32 da Sociedade Catarinense de Letras (atual Academia Catarinense de Letras), mas não chegou a ocupá-la, pois adoeceu.

Faleceu em 20 de outubro de 1923, em Florianópolis/SC.

Homenagens

  • Rua Santos Lostada, Coqueiros, Florianópolis/SC.
  • Honra Militar no Distrito do Desterro (1894).
  • Patrono da Cadeira nº 32 Academia Catarinense de Letras.
  • Patrono da Cadeira nº 17 da Academia de Letras de Palhoça.

1 Foi um conflito de caráter político, ocorrido no Rio Grande do Sul entre os anos de 1893 e 1895, que desencadeou uma revolta armada, que atingiu também o Paraná e Santa Catarina. “A Revolução Federalista, embora não tenha conquistado seus objetivos, mostra que a Proclamação da República e seu sistema político não foram aceitos de forma unânime no Brasil. Alguns grupos políticos contestaram, inclusive de forma armada, o regime republicano, o positivismo, a centralização de poder e a presença das oligarquias nos governos estaduais. Portanto, a Revolução Federalista pode ser compreendida dentro deste contexto histórico de insatisfação com o regime republicano, recém-instalado no país após o 15 de novembro de 1889” (História do Brasil). 
2 Em sua homenagem uma escola foi denominada: Escola de Educação Básica Professora Adelina Regis, em Videira/SC.

Mandatos

Referências

Apuração Geral. O Dia: Orgão do Partido Republicano Catharinense. Florianópolis, 5 jan. 1901. p.3, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMzI1NTU=>. Acesso em: 30 mai. 2017.

ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA (Santa Catarina). Antônio Manoel da Silva - Panegírico. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMzkwMDE=>. Acesso em: 22 jun. 2017.

ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA (Santa Catarina). Patronos e Cadeiras. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMzkwMjc=>. Acesso em: 22 jun. 2017.

ACHE CEP. Santos Lostada. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMzg5NzU=>. Acesso em: 22 jun. 2017.

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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA. Centro de Memória. Arquivos das Legislaturas: de 1835 a 2018.

CABRAL, Oswaldo Rodrigues. A História da Política em Santa Catarina Durante o Império. Florianópolis: Editora da UFSC, 2004. 496 p.

ESCOL.AS. Eeb Professora Adelina Regis. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMzg5ODg=>. Acesso em: 22 jun. 2017.

HISTÓRIA DO BRASIL.NET. Revolução Federalista: resumo, causas, o que foi, conclusão. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTM5MA==>. Acesso em: 2 jun. 2018.

MATOS, Felipe. Armazém da Província: Vida Literária e Sociabilidades Intelectuais em Florianópolis na Primeira República. 2014. 241 f. Tese (Doutorado) - Curso de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rNTYz>. Acesso em: 7 ago. 2017.

NEVES, Gustavo. Santos Lostada. Porto Alegre, RS: Edições Flama, 1971. 96 p. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMzg5NjI=>. Acesso em: 22 jun. 2017.

PIAZZA, Walter F. Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1994. 714 p.

PIAZZA, Walter F. O Poder Legislativo Catarinense: das suas raízes aos nossos dias 1834-1984. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1984. 584 p.

SANTANA, Miriam Ilza. Revolução Federalista. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMzY0NzU=>. Acesso em: 7 fev. 2017.

STOETERAU, Lígia de Oliveira. A Trajetória do Poder Legislativo Catarinense.. Florianópolis: IOESC, 2000. 446 p.

Como citar este documento
Referência

MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Biografia Manoel dos Santos Lostada. 2023. Disponível em: <https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/664-Manoel_dos_Santos_Lostada>. Acesso em: 28 de março de 2024.

Citação com autor incluído no texto

Memória Política de Santa Catarina (2023)

Citação com autor não incluído no texto

(MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA, 2023)

Memória Política de Santa Catarina