Funcionário público, jornalista, professor, literato e escritor, natural de Desterro/SC, Deputado Constituinte de 1892 e Deputado Estadual no Parlamento Catarinense, século XX.
Nome completo Virgílio dos Reis Várzea |
Filiação João Esteves Várzea e Júlia Maria Alves de Brito |
Nascimento 06/01/1863 |
Local de nascimento Desterro/SC |
Falecimento 29/12/1941 |
Local de falecimento Rio de Janeiro/RJ |
Profissão Funcionário público, jornalista, professor, literato e escritor |
Partido Partido Republicano Federalista |
Nasceu dia 6 de janeiro de 1863, na freguesia de São Francisco de Paula de Canasvieiras, norte da Ilha de Santa Catarina, em Desterro/SC (atual Florianópolis).
Filho de João Esteves Várzea e Júlia Maria Lemos Alves de Brito. Seu pai era Oficial (Capitão) da Marinha Portuguesa. Sua mãe era filha do Major Luiz Alves de Brito e de Mequelina Leonardo de Lemos. O Casal, João e Júlia teve, além de Virgílio, Aurélia, Amélia Isabel, Terêncio, todos “Alves de Brito Várzea”. João teve mais dois filhos com Chiquinha Andrade: Manoel e João Várzea, que são meios-irmãos de Virgílio.
Alguns de seus familiares estiveram envolvidos na política catarinense. Seu primo, José Feliciano Alves de Brito, e Vitor Alves de Brito, filho de José, assumiram cargos no legislativo.
Virgílio passou a infância a bordo de navios comandados por seu pai. Os estudos iniciais realizou em escola da Ilha de Desterro. Ainda jovem passou a morar no Rio de Janeiro/RJ, dedicando-se ao jornalismo e à produção de contos, poesias, romances, crônicas, ensaios e estudos históricos e geográficos.
Conforme o jornal A Notícia, “foi ele uma das figuras brilhantes do grupo literário em que pontificavam Bilac, Gonzaga Duque, Coelho Neto, Guimarães Passos, Pardal Mallet e outros”. Considerado o criador do gênero marinhista na literatura latino-americana (A Notícia, 1942, p. 3).
Literato de reconhecida expressão, amigo e parceiro do poeta Cruz e Sousa no livro Tropos e Fantasias (1885), deixou obras valiosas, especialmente, para os catarinenses. Nos anos de 1894 e 1895, participou do movimento literário “Ideia Nova”, que, “em linhas gerais foi um grupo de intelectuais reunido em torno de Gama Rosa, presidente da província de Santa Catarina a partir de 1883, considerados precursores do Realismo na literatura local. Este primeiro “ilhamento” canoniza o grupo de “novos” e obscurece o seu grupo “opositor”, capitaneado nas querelas da época pelo escritor Eduardo Nunes Pires” (Matos, 2014, p. 30).
Colaborou com a Revista Santa Catharina, de 1895 e 1896, publicada no Rio de Janeiro, e com a Terra - Revista de Artes e Letras, iniciada em 1920, em Florianópolis. Foi também redator de inúmeros jornais em Santa Catarina (Jornal Comércio, o Aprendiz e Colombo) e no Rio de Janeiro integrou a Comissão para Traducção Brazileira das Sagradas Escrituras (Bíblia Sagrada). Além disso, foi dos fundadores e patrono da Academia Catarinense de Letras, ocupante da Cadeira número 40.
Virgílio foi Oficial de Gabinete (cargo atual Chefe de Gabinete), no governo do Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Luís da Gama Rosa, nos anos de 1883 e 1884. Também exerceu as funções de Promotor Público em São José/SC, Secretário da Capitania dos Portos e professor no Liceu de Artes e Ofícios de Santa Catarina, em 1886.
Pelo Partido Republicano Federalista, foi eleito Deputado Estadual ao Congresso Representativo de Santa Catarina (Assembleia Legislativa). Foi Constituinte de 1892 e durante a 1ª Legislatura (1892-1893) desempenhou a função de 2º Secretário da segunda Mesa Diretora de 1892.
Após o mandato parlamentar, retornou ao Rio de Janeiro, em 1896, onde escreveu para o Correio da Manhã, a Gazeta de Notícias, O Paíz, A Imprensa, a Revista da Marinha Mercante e o Diário Mercantil. Lecionou também Língua Portuguesa e Literatura e foi Inspetor Escolar do Distrito Federal.
De volta ao Estado catarinense, foi eleito Deputado ao Congresso Representativo (Assembleia Legislativa). Tomou posse à 10ª Legislatura (1916-1918) e foi 1º Secretário da Mesa Diretora da Casa, no último ano - após a renúncia de José Boiteux.
Foi indicado para integrar a Academia Brasileira de Letras, sendo escolhido para a vaga Afonso D’ Escragnolle Taunay1.
Faleceu em 29 de dezembro de 1941, no Rio de Janeiro/RJ.
Fragmento de Santa Catarina: A Ilha
‘(...) A praia dos Ingleses, a das Aranhas, Lagoa, Campeche, Armação da Lagoinha, Pântano do Sul e a dos Frades, constituem outros tantos seios recurvos e brancos que, posto desabrigados, são também fundeadouros, a oferecerem repouso e refresco aos transeuntes errantes do Atlântico, esses barcos de vela saudosos que aí costumam aportar, uma ou outra vez, e cujas companhas cansadas das fadigas do mar encontram por breves instantes, um consolo e um conforto aos sacrifícios de sua vida aventurosa e amara, nesses risonhos povoados suspensos de colinas e outeiros, onde em cada lar obscuro se abrem sorrisos de afeto, carinhos hospitalares (...)’. (VÁRZEA, Virgílio, 1900)
1 Natural de Desterro, filho de Alfredo Maria Adriano D' Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, que foi Presidente das Províncias de Santa Catarina e do Paraná, entre outras importantes funções políticas exercidas.
ACHE CEP. Virgílio Várzea. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rODQ0MjI=>. Acesso em: 30 abr. 2019.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA. Centro de Memória. Arquivos das Legislaturas: de 1835 a 2018.
Com Virgilio Varzea perdeu o Brasil um grande escritor: Foi, o notavel catarinense, o creador do gênero marinharista na literatura latino-americana. A Notícia. Joinville, 4 jan. 1942. n. 3658, p. 3. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTYwOTc=>. Acesso em: 12 mar. 2019.
MATOS, Felipe. Armazém da Província: Vida Literária e Sociabilidades Intelectuais em Florianópolis na Primeira República. 2014. 241 f. Tese (Doutorado) - Curso de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rNTYz>. Acesso em: 7 ago. 2017.
MEIRINHO, Jali. A República em Santa Catarina (1889-1900) . 1979. 148 f. Tese (Doutorado) - Curso de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1979. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTE1NTU=>. Acesso em: 15 jul. 2019.
PIAZZA, Walter F. Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1994. 714 p.
PIAZZA, Walter F. O Poder Legislativo Catarinense: das suas raízes aos nossos dias 1834-1984. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1984. 584 p.
STOETERAU, Lígia de Oliveira. A Trajetória do Poder Legislativo Catarinense.. Florianópolis: IOESC, 2000. 446 p.
MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Biografia Virgílio Várzea. 2023. Disponível em: <https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/900-Virgilio_Varzea>. Acesso em: 23 de novembro de 2024.
Memória Política de Santa Catarina (2023)
(MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA, 2023)