Heroína da Pátria, Professora, jornalista e escritora, natural de Florianópolis. A primeira mulher Deputada Constituinte e Deputada Estadual no Parlamento Catarinense, primeira representante negra a assumir mandato no Brasil, século XX.
Gênero Feminino |
Filiação Catarina de Barros e Rodolfo de Barros |
Nascimento 11/07/1901 |
Local de nascimento Florianópolis/SC |
Falecimento 28/03/1952 |
Local de falecimento Florianópolis/SC |
Formação Ensino Médio |
Profissão Professora, jornalista e escritora |
Partido Partido Liberal Catarinense (PLC) e Partido Social Democrático (PSD) |
Nasceu em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, capital do estado. Filha de Catarina de Barros e de Rodolfo de Barros. Permaneceu solteira. A família era muito pobre e quando Antonieta ainda era criança o pai faleceu. Assim, ela foi criada pela mãe que trabalhava como lavadeira.
Alfabetizada aos 5 anos, concluiu os estudos primários (atual Ensino Fundamental) na Escola Lauro Müller e, aos 17 anos, ingressou na Escola Normal Catarinense - atual Instituto Estadual de Educação, onde realizou curso equivalente ao Ensino Médio. Ela foi a primeira da família a ter o ciclo escolar completo.
Em 1922, aos 21 anos de idade, ela fundou o Curso Particular Antonieta de Barros que era destinado à alfabetização. Dirigiu essa formação até o ano de sua morte em 1952.
Desde o início conviveu com diversos desafios e preconceitos raciais, de classe social e de gênero.
O objetivo de ser professora foi alcançado, sendo considerada uma das melhores educadoras do seu tempo, especialmente na educação de jovens catarinenses. Além da carreira no magistério, atuou como escritora, jornalista e representante política reconhecida.
Antonieta teve destaque pela sua dedicação aos estudos, pela coragem de expressar suas ideias, por ter conquistado um espaço na imprensa e, opinar sobre as mais diversas questões, e principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos e pela educação. Todas essas lutas travadas em uma época que as mulheres não tinham liberdade de expressão e nem o direito ao voto.
O direito das mulheres ao voto foi concedido em 1932, Decreto 21.076, que criou a Justiça Eleitoral, na presidência de Getúlio Vargas. O movimento pelo voto feminino vem desde o movimento sufragista no século XXI e no início do século XX.
Nos anos de 1920, iniciou as atividades de jornalista produzindo muitos textos:
Suas crônicas disseminavam suas ideias, principalmente aquelas ligadas às questões da educação, aos desmandos políticos, à condição feminina e ao preconceito racial.
Na década de 1930, trocou correspondência com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), comprovadas por cartas entre ela e Bertha Lutz, guardadas atualmente no Arquivo Nacional. Berta foi uma ativista pelo direito do voto feminino, uma das fundadoras da Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, em 1918, representou as brasileiras na Assembleia Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, em 1922, quando foi eleita Vice-Presidente da Sociedade Pan-Americana, e fundadora da FBPF.
Antonieta escreveu vários artigos para jornais locais e o livro Farrapos de Idéias, em 1937, com o pseudônimo de “Maria da Ilha”. Fez parte do Conselho Deliberativo da Associação Catarinense de Imprensa, a partir de 1938.
Em Florianópolis, lecionou na Escola Normal Catarinense (ensinava português e literatura, a partir de 1934), no Colégio Coração de Jesus e no Colégio Dias Velho, neste último foi Diretora, de 1937 a 1945. Foi professora da escola atualmente denominada Instituto Estadual de Educação, entre os anos de 1933 e 1951. No período de 1944 a 1951 foi a Diretora da mesma escola, nomeada por Nereu Ramos. Depois de atuar na direção, ela se aposentou aos 50 anos, mas continuou ensinando até o fim de sua vida.
Trecho do discurso proferido pela Deputada Antonieta de Barros na ocasião da promulgação da Lei de nº145 que instituiu o Dia do Professor, 1948.
Foi a primeira Deputada Estadual negra do Brasil, a primeira Deputada mulher no Parlamento Catarinense e a primeira Representante Feminina Negra no Poder Legislativo na América Latina, conforme a biógrafa Jeruse Romão.
Na primeira eleição (1934) em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas para o Executivo e Legislativo, Antonieta concorreu para uma das vagas de deputada à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC) e ficou suplente do Partido Liberal Catarinense (PLC). Como Leônidas Coelho de Souza não tomou posse, Antonieta foi convocada, assumiu o mandato à 1ª Legislatura (1935-1937), foi Constituinte em 1935 e Relatora dos capítulos de Educação e Cultura e Funcionalismo.
Em 19 de julho de 1937, presidiu a Sessão da Alesc, tornando-se a primeira mulher a assumir no Brasil a Presidência de uma Assembleia Legislativa, conforme jornal A Noticia, de 1937, ano em que iniciou o Estado Novo e os parlamentos de todo o país foram fechados até 1945.
Após a queda do Estado Novo e o início da redemocratização do país em 1945, outra vez disputou cargo de Deputada Estadual à Casa Legislativa Catarinense, agora pelo Partido Social Democrático (PSD), recebeu 2.092 votos, obteve a segunda suplência do partido, foi convocada, assumiu a vaga em junho de 1948, durante afastamento de José Boabaid, e integrou a 1ª Legislatura (1947-1951), novamente a única mulher no Parlamento Estadual.
É de sua autoria a lei que instituiu o dia do professor (15 de outubro) e o feriado escolar (Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948).
Depois de Antonieta, o primeiro negro a assumir o cargo de Deputado Estadual no Parlamento Catarinense Sandro Silva, do Partido Popular Socialista (PPS), em 2012, como suplente convocado.
Antonieta faleceu em 28 de março de 1952, em Florianópolis/SC, e foi sepultada no Cemitério São Francisco de Assis.
Antonieta de Barros é nome de rua, mas não é rua.
Antonieta de Barros é nome de túnel, mas não é túnel.
Antonieta de Barros é nome de escola, mas não é escola.
Antonieta de Barros é história,
fez história,
tem sua história...
E por isso, virou nome de rua, de túnel, de escola.
Abertura do livro infantil "Antonieta", de autoria da Profª Drª Eliane Debus.
Sessão especial celebra memória da Deputada Antonieta de Barros no Parlamento Catarinense, por prosição dos Parlamentares Marquito (Psol) e Luciane Carminatti (PT), 2023.
Exposição "Há de Antonieta", Palácio Barriga Verde, sede da ALESC, 2023.
Exposição "Antonietas", Palácio Barriga Verde, espaço Cruz e Sousa, sede da ALESC, 2023.
Publicações literárias e textos acadêmicos
A nova directoria da Associação Catharinense de Imprensa. A Noticia. Joinville, 6 ago. 1938. n. 2953, p.5, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTAzNDY=>. Acesso em: 6 fev. 2019.
Antonieta de Barros presidiu a reunião da Assemblea Estadual. A Noticia. Joinville, 20 jul. 1937. n. 2638, p.1, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTAzMjM=>. Acesso em: 6 fev. 2019.
Associação Catharinense de Imprensa. A Noticia. Joinville, 24 ago. 1940. n. 3272, p.5, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTAzNjk=>. Acesso em: 6 fev. 2019.
De Joelhos - Antonieta de Barros. Atualidades. Florianópolis, 1 out. 1948. n. 10, p.51, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rOTAxNTM=>. Acesso em: 6 fev. 2019.
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(MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA, 2024)