Professor, promotor público, poeta e jornalista, natural de Desterro/SC, dez vezes Deputado na Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina, século XIX.
Filiação Manoel Dutra Garcia e Joaquina Maria da Conceição |
Nascimento 19/06/1809 |
Local de nascimento Desterro/SC |
Falecimento 13/07/1869 |
Local de falecimento Desterro/SC |
Profissão Professor, promotor público, poeta e jornalista |
Partido Partido Liberal e Partido Progressista |
Nasceu em 19 de junho de 1809, na freguesia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão (atual bairro Ribeirão da Ilha), em Desterro/SC (hoje Florianópolis). Filho do Alferes Manoel Dutra Garcia1 e de Joaquina Maria da Conceição2, naturais de Desterro.
Autodidata, concluiu os estudos primários e passou a exercer o cargo de Escrivão do Juizado de Paz na terra natal. Foi nomeado mestre-escola a 12 de setembro de 1832, na Escola Modelo, criada no Desterro pela Lei no 136, de 14/4/1840, conforme assinalou o Presidente da Província na Fala inaugural dos trabalhos da Assembleia Legislativa; e, em reconhecimento dos seus méritos, o Marechal Antero Ferreira de Brito transferiu-o para a Primeira Escola Pública da Capital, com o ordenado anual de 600.000 Réis, dobro do que percebia no Ribeirão. De 1837 a 1838 voltou ao cargo de Escrivão do Juizado de Paz na Freguesia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão. (ALESC)
Casou com Florinda Cândida de Freitas, em 16 de agosto de 1840, e tiveram os filhos Marcelino Antônio Dutra Filho e Ovídio Antônio Dutra (1843-1877), funcionário público e Deputado na Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina à 18ª Legislatura (1870-1871). Marcelino teve ainda dois filhos fora do casamento, ambos poetas: Juvêncio e Antero dos Reis Dutra (1835-1911). Antero, casado com Januária Maria da Conceição, é patrono da Cadeira Número 2, da Academia Catarinense de Letras.
Como jornalista, Marcelino teve suas obras literárias publicadas nos jornais da época. Considerado o primeiro escritor catarinense a publicar um livro, o poema “Assembleia das Aves”. Essa se tornou sua obra mais conhecida, foi editada em 1847, no Rio de Janeiro, e reimpressa em 2ª edição em 1921, em Florianópolis, por iniciativa da Sociedade Catarinense de Letras. O poema relacionava a campanha política de 1847 e os políticos do Partido Conservador, apelidado “Partido Cristão”, que representava a burguesia comercial local e os clérigos, sendo seu líder Arcipreste Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva. O Partido Liberal era chamado de “Partido Judeu”, por seus opositores (DIAS, 2008). Na obra, Jerônimo Coelho, chefe do Partido Liberal, era “Cisne”, Arcipreste Paiva, o “Quero-Quero”, e os demais Deputados e políticos, denominados de “Aves”. Os adversários o apelidaram de “Poeta do Brejo”. Aos que tentaram ridicularizá-lo a resposta vinha de forma definitiva: “É porque tudo deve ter seu préstimo, quis Deus que aos tolos, não prestando para amigos, nos fossem úteis como adversários” (ALESC).
Foram famosas suas poesias satíricas publicadas nos jornais da cidade e as polêmicas envolvendo Arcipreste Paiva. Como escritor e poeta, usou diversos pseudônimos: Inhato-Mirim, Gil Fabiano, Poeta do Brejo (ou P. do B.) além da sigla M.A.D. (DIAS, 2008).
Na Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina foi Deputado em dez Legislaturas:
Promotor Público de São José (1853), Vereador na Câmara do Desterro (1856) e Promotor Público da Capital (1858-1868).
Esteve na liderança sócio-cultural ou técnica: Presidente da Sociedade Recreio Carnavalesco (1860); Diretor do Clube Catarinense (8 de setembro de 1862); Presidente de uma sociedade literária fundada nas dependências da Assembleia Provincial; e Procurador Fiscal da Diretoria da Fazenda Provincial (1868).
Marcelino era figura pitoresca, costumava chegar de canoa ao trapiche que dava acesso ao Mercado Público Municipal, trazendo hortaliças diversas que cultivava no Ribeirão da Ilha. Ali descarregava a canoa e, com aquele ar de matuto que nunca perdeu, rumava para a Assembleia onde se tornava, de repente, ardoroso combatente (ALESC). Procurou desenvolver a cultura de algodão no bairro do Ribeirão da Ilha, onde residia, chegando a alcançar, em 1867, uma medalha de prata na Exposição Nacional (DUTRA, Reeditado em 2006, p. 10)
Administrou o primeiro Cemitério Público de Florianópolis, situado na cabeceira da Ponte Hercílio Luz, ao lado do primeiro Cemitério Alemão. Criou vários epitáfios, entre eles o seu:
“Aqui jaz
Marcelino Antônio Dutra
Que mil e poucos registrou
E que, no final
Também entrou.”
Faleceu em 13 de julho de 1869, em Desterro/SC, e foi seputado no Ribeirão da Ilha.
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