Miguel de Sousa Melo e Alvim
Miguel de Sousa Melo e Alvim

Militar, natural de Ourém (Portugal), Conselheiro do Império, Conselheiro Geral, Deputado na Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina e Presidente das Províncias catarinense e paulista, século XIX.

Informações Gerais

Filiação
Antônio de Sousa de Melo e Alvim e de Maria Bárbara da Silva Torres
Nascimento
09/03/1784
Local de nascimento
Santarém/Portugal
Falecimento
08/10/1855
Local de falecimento
Rio de Janeiro/RJ
Formação
Militar
Profissão
Militar
Partido
Partido Democrático e Partido Conservador

Miguel de Sousa Melo e Alvim

Nasceu em 9 de março de 1784, em Ourém (Santarém, Portugal). Filho de Antônio de Sousa de Melo e Alvim e de Maria Bárbara da Silva Torres, ambos de família abastada.

Matriculou-se na Academia da Marinha como Aspirante, em 24 de março de 1798. Passou a integrar a Guarda da Marinha em 21 de julho de 1798, sendo nomeado Chefe de Brigada dos Guardas da Marinha (25 de agosto de 1801) e promovido 2º Tenente em 15 de agosto de 1805. Como militar acompanhou a vinda da família real portuguesa ao Brasil (1808).

Miguel casou com Maurícia Elisa de Proença e Menezes, natural de Desterro/SC (atual Florianópolis), filha de Hipólito José de Menezes e de Ana Januária de Proença. Tiveram vários filhos1, entre eles, João de Sousa Melo e AlvimJúlio Henrique de Melo e Alvim que também desempenharam funções políticas em Santa Catarina. 

Elevado ao cargo de 1º Tenente (em 8 de março de 1808); Capitão Tenente (17 de dezembro de 1813), e Capitão de Fragata (14 de julho de 1817, efetivado em 12 de outubro do mesmo ano). Graduado, fez as campanhas de 1816 e 1820 no Sul.

Integrou a Intendência da Marinha de Santa Catarina (1817), dedicando-se à construção de estaleiros navais e à fundação da Colônia Nova Ericeira, atual município de Porto Belo/SC.

A partir de 1817 envolveu-se na política catarinense. Ajudante de Ordens do Coronel João Vieira Tovar e Albuquerque, que governou a Capitania de Santa Catarina de 14 de julho de 1817 a 20 de julho de 1821. Por escrito declarou sua adesão à causa da Independência do Brasil, a 10 de janeiro de 1823.

Em 12 de outubro de 1823, passou a Capitão de Mar e Guerra, época que fez construir em Santa Catarina as canhoneiras (embarcações) Anhatomirim, Araçatuba e São Francisco de Paula.

Na eleição para Senador pela província catarinense, ocorrida em de 1º de agosto de 1824, obteve dois votos, sendo o décimo sexto na ordem de votação.

Integrou o Conselho Geral da Província de Santa Catarina, 1a Legislatura (1824-1828), eleito com vinte e seis votos, sendo um dos 13 conselheiros. Ainda em 1828, concorreu a Deputado Geral por Santa Catarina, recebeu 10 votos e não foi eleito.

Foi Chefe de Divisão (em 12 de outubro de 1827), Intendente da Marinha do Rio de Janeiro/RJ (em 25 de abril de 1828), Ministro da Marinha (em 15 de junho de 1828) e Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha (de 16 de junho de 1828 a 4 de dezembro de 1829).

Presidente da Província de Santa Catarina, nomeado por carta imperial de 12 de dezembro de 1829, assumiu o cargo a 14 de janeiro de 1830 e renunciou em 22 de abril de 1831, devido à abdicação de Dom Pedro I, acontecida em 7 de abril de 1831, e à eclosão da “Abrilada”2 em Santa Catarina no mesmo dia. Transferiu a Presidência para Francisco Luís do Livramento.

Conforme Garcia (2006, p. 107 e 108), “a grande responsável pela renúncia de Miguel de Sousa (1831) foi a Sociedade Patriótica Catarinense3”, que também foi “a principal agente contra os luso-brasileiros na cidade de Desterro. (...) Os seus correligionários possuíam os mesmos ideais do movimento da “Abrilada” em Santa Catarina, eram adeptos ao Iluminismo francês e veiculavam ideias liberais, modernizadoras, de progresso e civilização, antilusitanas e defensoras da liberdade de imprensa”.

Como Presidente, criou a Paróquia São Joaquim, de Garopaba/SC, por Decreto Imperial de 9 de dezembro de 1830, e afirmou a importância da instrução pública e a necessidade de estabelecer “Escolas de Primeiras Letras” em todas as Freguesias da Província.

Requereu à Marinha e obteve, sucessivamente, três anos de licença para residir em Santa Catarina. Solicitou reforma no posto de Chefe de Esquadra, em 28 de julho de 1834.

Na eleição a Deputado para a Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina recebeu nove votos. Formando a Legislatura (1835-1837), foi eleito 2º Vice-Presidente da Mesa Diretora. Com o licenciamento do Presidente, Manuel Paranhos da Silva Veloso, a Presidência foi assumida por Alvim (posse em 10 de abril de 1835), já que o 1º Vice havia renunciado em 4 de março do mesmo ano. Ficou Presidente da Casa no triênio. Na mesma data da posse de Alvim, a Assembleia realizou eleição para Vice-Presidente da Província de Santa Catarina, tendo ele sido eleito com oito votos.

Reeleito para o mandato seguinte, Legislatura (1838-1839), não exerceu atividades parlamentares em 1838. Em 1839, retornou ao cargo e presidiu novamente a Assembleia. Ainda em 1839, foi nomeado Encarregado da Defesa Marítima de Santa Catarina, pelo Presidente João Carlos Pardal, diante da invasão dos revolucionários rio-grandenses, que já haviam estabelecido em Laguna/SC um governo autônomo, a República Juliana.

Deputado Provincial à  Legislatura (1840-1841), presidiu pela ultima vez a Assembleia (1840). Em 1841 não tomou posse. Estava envolvido, por ordem imperial, com o Expediente do Quartel General da Marinha no Rio de Janeiro (1840), com o Conselho Supremo Militar (1841) e a Chefia de Esquadra (1842), posto correspondente ao de  Vice-Almirante na atualidade.

Em junho de 1844, assumiu a Intendência da Marinha do Rio de Janeiro/RJ.

Por nomeação imperial, passou a Presidir a Província de São Paulo/SP, entre 15 de julho de 1841 e 13 de janeiro de 1842.

De volta à Santa Catarina, elegeu-se Deputado Provincial à Legislatura (1842-1843), com 50 votos, e licenciou-se em 1842.

Nomeado em agosto de 1855, integrou o Conselho de Estado que orientava o Imperador e emitia parecer sobre assuntos diversos.

Faleceu em 8 de outubro de 1855, no Rio de Janeiro/RJ.

Homenagem

Rua Coronel Melo Alvim, Centro, Florianópolis/SC.

Condecorações

  • Hábito da Ordem de Avis (1812);
  • Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1819);
  • Comendador da Imperial Ordem de São Bento de Avis (1828);
  • Dignitário da Ordem da Rosa (1829), Grande Dignitário da Ordem da Rosa (1841);
  • Comendador da Ordem da Torre e Espada (1850).

Imagens

Retrato de Miguel de Sousa Melo e Alvim
Fonte: CORRÊA, 1983, p. 55.
 
Assinatura de Miguel de Sousa Melo e Alvim
Fonte: CORRÊA, 1983, p. 55.

1 Miguel de Sousa de Melo Alvim, Francisco Cordeiro Torres e Alvim, José Maximiliano de Melo e Alvim, Júlio Henrique de Melo e Alvim, Henrique de Melo e Alvim, Emílio de Melo e Alvim, Maria, Mariana, Henriqueta, Maurícia e João de Sousa Melo e Alvim.

2 Um movimento de reação regional de setores descontentes com a instabilidade política, a política tributária adotada do período regencial, a ocupação dos melhores cargos pelos portugueses, entre outros fatores. Segundo Pacheco (1997, p.91), os “comerciantes aderiram e promoveram o movimento que exigia a renúncia do governador Mello Alvim e a posse do Comendador Francisco Luiz do Livramento” e Garcia (2006, p. 108), acrescenta que havia militares também revoltosos.

3 “Um movimento político local, braço de uma instituição nacional que tinha por objetivo desenvolver o nacionalismo no sentido de preservar a liberdade e a independência nacional e impedir o retorno ao País de D. Pedro I, além de afastar os portugueses de quaisquer cargos públicos no Brasil. A sociedade representava o exponencial de uma política exacerbada contra aqueles que representavam todo um passado colonial de restrições e impedimentos ao progresso brasileiro. Além do caráter marcantemente antiescravagista de todos os seus membros” (ALESC, 2003, p. 9).

Mandatos

Referências

A data: 29 de Julho. República. Florianópolis, 29 jul. 2013. p.2, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjY1NA==>. Acesso em: 10 jul. 2017.

ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS. Paróquia São Joaquim. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjY5Ng==>. Acesso em: 7 jul. 2017.

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA. Centro de Memória. Arquivos das Legislaturas: de 1835 a 2018.

AULAS DE HISTÓRIA. 094 – MIGUEL DE SOUZA MELO E ALVIM - A VIDA CATARINENSE APÓS O IMPÉRIO. 2013. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjY4Mw==>. Acesso em: 10 jul. 2017.

CANTU - MIRIM (Ed.). A data: 21 de fevereiro. República. Florianópolis, 21 fev. 1923. p.2, Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjYxOA==>. Acesso em: 7 jul. 2017.

CONTEÚDO ABERTO. IN: WIKIPÉDIA: A ENCICLOPÉDIA LIVRE. Abdicação de Pedro I do Brasil. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjYzNA==>. Acesso em: 7 jul. 2017.

CONTEÚDO ABERTO. IN: WIKIPÉDIA: A ENCICLOPÉDIA LIVRE. “Miguel de Sousa Melo e Alvim”. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjU1Mw==>. Acesso em: 7 jul. 2017.

CORRÊA, Carlos Humberto Pederneiras. Os Governantes de Santa Catarina de 1739 a 1982. Florianópolis: Editora da UFSC, 1983. 356 p.

CORREIOS/CEP. busca "Miguel de Sousa Melo e Alvim". Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjU2Ng==>. Acesso em: 7 jul. 2017.

FAMILYSEARCH. Miguel de Sousa Melo e Alvim. Chefe de Esquadra;. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjY3MA==>. Acesso em: 10 jul. 2017.

GARCIA, Carla Laner. Emanações Perniciosas Moralidade Corrosiva: Os desdobramentos do discurso científico no centro urbano de Nossa Senhora do Desterro (1831-1864). 2006. 164 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjU4Mg==>. Acesso em: 7 jul. 2017.

GONÇALVES, Rosemari Conti. Gênese da Diretoria de Instrução Pública na Província de Santa Catarina: 1830 - 1858. 2000. 164 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.

PACHECO, Darcy. Um Estudo sobre a Junta da Real Fazenda de Santa Catarina: Período: 1817-1831. 1997. 168 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjU5OA==>. Acesso em: 7 jul. 2017.

PIAZZA, Walter F. Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1994. 714 p.

PIAZZA, Walter F. O Poder Legislativo Catarinense: das suas raízes aos nossos dias 1834-1984. Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1984. 584 p.

REIS, Arthur Cezar Ferreira. ATAS DO CONSELHO DE ESTADO PLENO: TERCEIRO CONSELHO DE ESTADO, 1857-1864. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/rMjcyNQ==>. Acesso em: 10 jul. 2017.

STOETERAU, Lígia de Oliveira. A Trajetória do Poder Legislativo Catarinense.. Florianópolis: IOESC, 2000. 446 p.

Como citar este documento
Referência

MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Biografia Miguel de Sousa Melo e Alvim. 2023. Disponível em: <https://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/703-Miguel_de_Sousa_Melo_e_Alvim>. Acesso em: 26 de abril de 2024.

Citação com autor incluído no texto

Memória Política de Santa Catarina (2023)

Citação com autor não incluído no texto

(MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA, 2023)

Memória Política de Santa Catarina