Militar, natural de Ourém (Portugal), Conselheiro do Império, Conselheiro Geral, Deputado na Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina e Presidente das Províncias catarinense e paulista, século XIX.
Filiação Antônio de Sousa de Melo e Alvim e de Maria Bárbara da Silva Torres |
Nascimento 09/03/1784 |
Local de nascimento Santarém/Portugal |
Falecimento 08/10/1855 |
Local de falecimento Rio de Janeiro/RJ |
Formação Militar |
Profissão Militar |
Partido Partido Democrático e Partido Conservador |
Nasceu em 9 de março de 1784, em Ourém (Santarém, Portugal). Filho de Antônio de Sousa de Melo e Alvim e de Maria Bárbara da Silva Torres, ambos de família abastada.
Matriculou-se na Academia da Marinha como Aspirante, em 24 de março de 1798. Passou a integrar a Guarda da Marinha em 21 de julho de 1798, sendo nomeado Chefe de Brigada dos Guardas da Marinha (25 de agosto de 1801) e promovido 2º Tenente em 15 de agosto de 1805. Como militar acompanhou a vinda da família real portuguesa ao Brasil (1808).
Miguel casou com Maurícia Elisa de Proença e Menezes, natural de Desterro/SC (atual Florianópolis), filha de Hipólito José de Menezes e de Ana Januária de Proença. Tiveram vários filhos1, entre eles, João de Sousa Melo e Alvim e Júlio Henrique de Melo e Alvim que também desempenharam funções políticas em Santa Catarina.
Elevado ao cargo de 1º Tenente (em 8 de março de 1808); Capitão Tenente (17 de dezembro de 1813), e Capitão de Fragata (14 de julho de 1817, efetivado em 12 de outubro do mesmo ano). Graduado, fez as campanhas de 1816 e 1820 no Sul.
Integrou a Intendência da Marinha de Santa Catarina (1817), dedicando-se à construção de estaleiros navais e à fundação da Colônia Nova Ericeira, atual município de Porto Belo/SC.
A partir de 1817 envolveu-se na política catarinense. Ajudante de Ordens do Coronel João Vieira Tovar e Albuquerque, que governou a Capitania de Santa Catarina de 14 de julho de 1817 a 20 de julho de 1821. Por escrito declarou sua adesão à causa da Independência do Brasil, a 10 de janeiro de 1823.
Em 12 de outubro de 1823, passou a Capitão de Mar e Guerra, época que fez construir em Santa Catarina as canhoneiras (embarcações) Anhatomirim, Araçatuba e São Francisco de Paula.
Na eleição para Senador pela província catarinense, ocorrida em de 1º de agosto de 1824, obteve dois votos, sendo o décimo sexto na ordem de votação.
Integrou o Conselho Geral da Província de Santa Catarina, 1a Legislatura (1824-1828), eleito com vinte e seis votos, sendo um dos 13 conselheiros. Ainda em 1828, concorreu a Deputado Geral por Santa Catarina, recebeu 10 votos e não foi eleito.
Foi Chefe de Divisão (em 12 de outubro de 1827), Intendente da Marinha do Rio de Janeiro/RJ (em 25 de abril de 1828), Ministro da Marinha (em 15 de junho de 1828) e Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha (de 16 de junho de 1828 a 4 de dezembro de 1829).
Presidente da Província de Santa Catarina, nomeado por carta imperial de 12 de dezembro de 1829, assumiu o cargo a 14 de janeiro de 1830 e renunciou em 22 de abril de 1831, devido à abdicação de Dom Pedro I, acontecida em 7 de abril de 1831, e à eclosão da “Abrilada”2 em Santa Catarina no mesmo dia. Transferiu a Presidência para Francisco Luís do Livramento.
Conforme Garcia (2006, p. 107 e 108), “a grande responsável pela renúncia de Miguel de Sousa (1831) foi a Sociedade Patriótica Catarinense3”, que também foi “a principal agente contra os luso-brasileiros na cidade de Desterro. (...) Os seus correligionários possuíam os mesmos ideais do movimento da “Abrilada” em Santa Catarina, eram adeptos ao Iluminismo francês e veiculavam ideias liberais, modernizadoras, de progresso e civilização, antilusitanas e defensoras da liberdade de imprensa”.
Como Presidente, criou a Paróquia São Joaquim, de Garopaba/SC, por Decreto Imperial de 9 de dezembro de 1830, e afirmou a importância da instrução pública e a necessidade de estabelecer “Escolas de Primeiras Letras” em todas as Freguesias da Província.
Requereu à Marinha e obteve, sucessivamente, três anos de licença para residir em Santa Catarina. Solicitou reforma no posto de Chefe de Esquadra, em 28 de julho de 1834.
Na eleição a Deputado para a Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina recebeu nove votos. Formando a 1ª Legislatura (1835-1837), foi eleito 2º Vice-Presidente da Mesa Diretora. Com o licenciamento do Presidente, Manuel Paranhos da Silva Veloso, a Presidência foi assumida por Alvim (posse em 10 de abril de 1835), já que o 1º Vice havia renunciado em 4 de março do mesmo ano. Ficou Presidente da Casa no triênio. Na mesma data da posse de Alvim, a Assembleia realizou eleição para Vice-Presidente da Província de Santa Catarina, tendo ele sido eleito com oito votos.
Reeleito para o mandato seguinte, 2ª Legislatura (1838-1839), não exerceu atividades parlamentares em 1838. Em 1839, retornou ao cargo e presidiu novamente a Assembleia. Ainda em 1839, foi nomeado Encarregado da Defesa Marítima de Santa Catarina, pelo Presidente João Carlos Pardal, diante da invasão dos revolucionários rio-grandenses, que já haviam estabelecido em Laguna/SC um governo autônomo, a República Juliana.
Deputado Provincial à 3ª Legislatura (1840-1841), presidiu pela ultima vez a Assembleia (1840). Em 1841 não tomou posse. Estava envolvido, por ordem imperial, com o Expediente do Quartel General da Marinha no Rio de Janeiro (1840), com o Conselho Supremo Militar (1841) e a Chefia de Esquadra (1842), posto correspondente ao de Vice-Almirante na atualidade.
Em junho de 1844, assumiu a Intendência da Marinha do Rio de Janeiro/RJ.
Por nomeação imperial, passou a Presidir a Província de São Paulo/SP, entre 15 de julho de 1841 e 13 de janeiro de 1842.
De volta à Santa Catarina, elegeu-se Deputado Provincial à 4ª Legislatura (1842-1843), com 50 votos, e licenciou-se em 1842.
Nomeado em agosto de 1855, integrou o Conselho de Estado que orientava o Imperador e emitia parecer sobre assuntos diversos.
Faleceu em 8 de outubro de 1855, no Rio de Janeiro/RJ.
Rua Coronel Melo Alvim, Centro, Florianópolis/SC.
1 Miguel de Sousa de Melo Alvim, Francisco Cordeiro Torres e Alvim, José Maximiliano de Melo e Alvim, Júlio Henrique de Melo e Alvim, Henrique de Melo e Alvim, Emílio de Melo e Alvim, Maria, Mariana, Henriqueta, Maurícia e João de Sousa Melo e Alvim.
2 Um movimento de reação regional de setores descontentes com a instabilidade política, a política tributária adotada do período regencial, a ocupação dos melhores cargos pelos portugueses, entre outros fatores. Segundo Pacheco (1997, p.91), os “comerciantes aderiram e promoveram o movimento que exigia a renúncia do governador Mello Alvim e a posse do Comendador Francisco Luiz do Livramento” e Garcia (2006, p. 108), acrescenta que havia militares também revoltosos.
3 “Um movimento político local, braço de uma instituição nacional que tinha por objetivo desenvolver o nacionalismo no sentido de preservar a liberdade e a independência nacional e impedir o retorno ao País de D. Pedro I, além de afastar os portugueses de quaisquer cargos públicos no Brasil. A sociedade representava o exponencial de uma política exacerbada contra aqueles que representavam todo um passado colonial de restrições e impedimentos ao progresso brasileiro. Além do caráter marcantemente antiescravagista de todos os seus membros” (ALESC, 2003, p. 9).
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